
Você já ouviu a frase “o algoritmo não entregou” como quem culpa o horóscopo por um dia ruim?
Nos últimos anos, “o algoritmo” virou uma espécie de divindade digital: misteriosa, incontrolável, e um pouco vingativa. Ele decide o que aparece na sua timeline, qual vídeo vai bombar, qual música você vai ouvir e, às vezes, até com quem você vai sair.
Mas… o que é um algoritmo, exatamente?
Vamos começar do começo
Um algoritmo nada mais é do que uma sequência de passos para resolver um problema ou executar uma tarefa.
É tipo uma receita de bolo:
- Pegue os ingredientes.
- Misture.
- Coloque no forno.
- Espere.
- Finja que ficou ótimo, mesmo que tenha solado.
Essa sequência lógica de ações é um algoritmo. A diferença é que, na computação, os ingredientes são dados, e o bolo é o que você quer que o computador faça: calcular, classificar, recomendar, prever.
Mas por que parece tão místico quando falam dele?
Porque os algoritmos que mandam nas redes sociais e nos apps não são tão simples como uma receita de bolo. Eles envolvem milhares (ou milhões) de variáveis, rodam em tempo real, aprendem com o seu comportamento e mudam o tempo todo.
Além disso, ninguém fora da empresa sabe exatamente como eles funcionam. E isso cria o terreno perfeito para especulações, mitos, e frases como:
- “Acho que o algoritmo tá me punindo porque fiquei muito tempo sem postar.”
- “O algoritmo gosta de vídeos mais curtos.”
- “Reza a lenda que, se você responder rápido, o algoritmo entende que é amor.”
Spoiler: às vezes, essas teorias têm um fundinho de verdade. Outras vezes, são só isso mesmo: teorias.
Então, o algoritmo é o vilão da história?
Não necessariamente.
O algoritmo não tem vontade própria. Ele só segue as regras que alguém escreveu (ou que uma IA aprendeu com base em dados).
O problema é o que a gente pede pra ele fazer.
Se o objetivo é fazer com que você passe mais tempo no app, o algoritmo vai entregar o que prende sua atenção, não necessariamente o que é bom para sua saúde mental ou para sua visão de mundo.
Ou seja: o algoritmo não é maligno por si só. Mas pode gerar efeitos negativos, dependendo das instruções e dos dados que o alimentam.
Beleza, e onde mais tem algoritmo?
Em todo lugar.
- O Waze usa algoritmos para calcular rotas.
- O Tinder usa para sugerir matches.
- O Netflix usa para recomendar séries (e, convenhamos, às vezes ele acerta).
- Os bancos usam para decidir se aprovam um cartão de crédito.
- Até as eleições podem ser influenciadas por algoritmos que organizam o que você vê online.
A vida contemporânea é, em boa parte, organizada por decisões algorítmicas. O problema é que muita gente nem percebe.
Tá. E o que eu faço com essa informação?
Vale a pena desenvolver um pouco de consciência algorítmica. Entender que o que aparece pra você na internet não é neutro. É filtrado, calculado, priorizado.
Você pode:
- Escolher seguir perfis diferentes do que o algoritmo te empurra;
- Pausar antes de compartilhar uma notícia só porque ela apareceu;
- Testar novos apps que tenham outras propostas (inclusive mais éticas);
- Ou, pelo menos, parar de culpar o “algoritmo” como se fosse um horóscopo do caos.
Em resumo:
- Algoritmo é só um conjunto de regras.
- O misticismo em torno dele vem do fato de que a maioria das pessoas não sabe como ele funciona — e quem sabe, não conta.
- Entender isso é o primeiro passo pra deixar de ser refém e virar protagonista da própria timeline.